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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Heliópolis - Cultura e lazer ajudam a combater a violência nas comunidad...

Violência em comunidades

1 - Violência: políticas locais preventivas
Enfrentar o crescimento da violência por meio da elaboração de políticas preventivas de segurança pública é o grande desafio de toda sociedade democrática.

A resposta tradicional ao aumento nos níveis de criminalidade e violência consiste em ações que visam aumentar o controle e a repressão penal. Esta abordagem enfoca o problema depois que o crime ou o ato violento foi cometido e, geralmente, está relacionada a um endurecimento nas práticas do sistema judiciário, a aumentos de recursos e capacidades policiais e a reformas legislativas para tornar as penas mais rigorosas, dentre outras medidas. Nesta perspectiva, o enfrentamento do problema fica preponderantemente sob a responsabilidade dos sistemas policial e de justiça.

A comunidade deve ser vista como importante parceira na elaboração de políticas públicas preventivas e não como mero objeto dessas ações
Entretanto, é evidente que tais medidas são insuficientes para lidar com um tema complexo como este. Fatores socioeconômicos, políticos e culturais devem ser levados em consideração na elaboração de políticas públicas de segurança, pois é preciso conhecer e entender as possíveis causas da violência e da criminalidade e os fatores de risco associados a elas para que se possam construir comunidades mais seguras.

Nesse sentido, a comunidade deve ser vista como importante parceira na elaboração de políticas públicas preventivas e não como mero objeto dessas ações. Configurações sociais distintas tendem a apresentar problemas específicos e as formas de compreender, prevenir e controlar esses problemas podem surgir a partir do próprio processo reflexivo da comunidade.

Assim , é fundamental que as ações governamentais reconheçam esse papel dos agentes sociais comunitários e envolvam os diversos setores da comunidade na elaboração e implementação de ações que busquem reduzir os índices de violência e de criminalidade.


2 - A participação comunitária
Vários programas bem-sucedidos de controle da criminalidade vão além do Sistema de Justiça Criminal e não são realizadas exclusivamente pelas organizações formais. Programas que integram ações do Estado e da sociedade podem ser muito mais eficazes.

A participação comunitária é um desses elementos essenciais ao desenvolvimento, planejamento, implementação e monitoramento de uma estratégia de prevenção do crime e da violência e não se resume a uma mera consulta a seus membros sobre as estratégias mais adequadas de atuação.

A participação comunitária pode ser utilizada com eficácia para o benefício de todos
É preciso garantir uma participação comunitária ativa, em que todas as opiniões e decisões são planejadas e compartilhadas entre todos, para favorecer o processo de apoderamento dos problemas e, conseqüentemente, da responsabilidade em desenvolver soluções para resolvê-los.
Dessa forma, é importante que todas as partes interessadas sejam convidadas a participar do processo, especialmente aquelas diretamente envolvidas. Isso poderia incluir ONGs, igrejas, escolas, empresas, sindicatos, organizações cívicas, grupos esportivos, a polícia comunitária, entidades comunitárias, associações de moradores, associações do comércio informal etc. É extremamente importante que se tenha consciência sobre como a participação comunitária pode ser utilizada com eficácia para o benefício de todos os envolvidos.

Nesse ponto, destaca-se a importância de valorização de espaços comuns aos agentes sociais comunitários. Espaços que se formem como referência de capacitação e de construção do diálogo, das práticas de reconhecimento e de ação preventiva. A escola pública, nesse sentido, ressurge como um lugar de resgate dessas práticas, como veremos a seguir.

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3 - A função social da escola
Na atualidade, a escola voltada para a educação cidadã apresenta-se como um importante espaço de encontro da comunidade, de convivência social, de compartilhamento, de busca e produção de saberes e experiências diferentes, sendo esta sua função social.

De maneira geral, a escola pública distribui-se espacialmente por bairros, priorizando o atendimento à comunidade local. Essa configuração permite que ela seja um espaço que reúna, além de jovens e crianças, pais, funcionários, professores e demais membros da comunidade.

Contudo, o quadro geral de violência nas escolas, que envolvem depredações ao espaço físico, ocorrência de delitos, a presença do tráfico de drogas, o abandono dos cuidados básicos ao ambiente escolar faz que, muitas vezes, um lugar público, portanto, de todos, transforme-se num espaço de ninguém. Por vezes a escola representa um ambiente que mais oferece risco do que proteção e convivência saudável entre as pessoas de uma mesma comunidade.

Escola apresenta-se como espaço de encontro da comunidade, de convivência social, de compartilhamento, de busca e produção de saberes e experiências diferentes
Em alguns casos, a escola também é apontada como um lugar desconexo da realidade local, não representando um espaço de identificação dos alunos, tampouco da comunidade. O formato tradicional de escola, no qual há reprodução de conhecimento sem reflexão sobre o cotidiano e as diferentes esferas da vida das pessoas nela envolvidas, faz que o local deixe de ser visto como extensão da vida, dificultando o envolvimento e, conseqüentemente, as relações de respeito e conservação local.

Do envolvimento entre escola e comunidade podem convergir ações de melhoria tanto do ambiente interno como do ambiente de vida da comunidade. No entanto, para que isso ocorra, é necessário construir esse espaço de convivência social e comunitária, criando possibilidades de diálogo e de ações que vão além do ensino formal.

É importante lembrar que a escola reflete a sociedade, bem como esta última passa também a ser reflexo da educação que recebe. O processo educacional, no entanto, não passa apenas pela escola; a família e os núcleos de convivência social mais próximos também são responsáveis pela formação de cada indivíduo, à qual será acrescida a experiência escolar.

Parte da relação de formação do sujeito, consciente de sua responsabilidade na sociedade que resulta em práticas cidadãs, surge desse aprofundamento das relações entre escola e família, além do envolvimento com outros movimentos sociais locais. A abertura da escola requer, assim, um projeto pedagógico que exerça atividades com objetivo de envolver a comunidade.

A cidadania abriga a esfera do cumprimento de direitos e deveres na relação entre a sociedade e o Estado, mas também envolve uma organização horizontal da sociedade. Dessa forma, os indivíduos tendem a reconhecer a si próprios e os outros, tomando ciência de suas responsabilidades e da relação de solidariedade e obrigações mútuas.

A comunidade, organizada e envolvida com as questões do universo escolar, participando da tomada de decisões, passa a reconhecer o espaço da escola como seu, transformando as relações de envolvimento e compromisso a partir da identificação e da noção de pertencimento.

Conhecer suas próprias necessidades e fragilidades e buscar construir resoluções aos problemas enfrentados é exercício da cidadania
Discutir questões cotidianas relacionadas à saúde, à educação, à segurança, à violência em comunidade, pautadas em suas próprias experiências, acrescentam a possibilidade de elaboração de proposições específicas de intervenção política. Conhecer suas próprias necessidades e fragilidades e buscar construir resoluções aos problemas enfrentados é exercício da cidadania, que tende a materializar as formas de diálogo entre sociedade e Estado.

Dessa forma, a diminuição da violência na escola está ligada ao seu projeto de abertura para a comunidade, consolidando um espaço público e não privado ou restrito a determinados setores da sociedade.

A escola pública reconhece suas raízes comunitárias como espaço de manifestação da liberdade, de relação entre iguais, de prática de cidadania e de enriquecimento do ser humano. Para tanto, a escola pode desempenhar as seguintes iniciativas:

  • retomar o vínculo da escola com o orçamento participativo;
  • realizar oficinas culturais e artísticas, de esporte e lazer, nos fins de semana;
  • estimular o protagonismo juvenil em atividades como o grêmio estudantil;
  • participar das reuniões de associações de moradores, clubes de mães, entre outras.
A vinculação da escola com a sociedade também é importante para construir estratégias de segurança. A partir dessa relação é possível tomar iniciativas que melhorem o espaço escolar e seu entorno no que se refere à segurança. Entre outras atividades, a escola pode auxiliar na:
  • formação e capacitação da guarda municipal como educadores sociais;
  • discussão do papel do policiamento comunitário visando à construção de uma nova relação entre a escola e a polícia;
  • divulgação e realização de debates sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);
  • realização de ações que atendam situações de risco;
  • elaboração coletiva de uma cartilha para a guarda municipal;
  • busca de caminhos de superação da problemática da droga na escola;
  • realização de debates com os agentes e instâncias de segurança pública sobre estratégias cidadãs de segurança;
  • reavaliação do conteúdo disciplinar das escolas de formação de policiais (civil e militar), dando maior ênfase às humanidades.



4 - Ações que deram certo
A favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, tem como referência uma interessante experiência de como a integração da escola com a comunidade pode diminuir a violência e transformar todo o local em um grande espaço de convivência.

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles, após o início de um trabalho de mobilização com a comunidade, a violência diminuiu cerca de 50% no período de 2001 a 2005.

A idéia de chamar a atenção para a questão da violência começou em 1999, após o assassinato de uma jovem moradora da favela e estudante da EMEF. O diretor da escola, alguns professores e líderes da comunidade resolveram transformar a morte da adolescente em uma mobilização geral para obter mudanças.

A escola ajudou a promover uma "caminhada pela paz" que, na época, contou com a participação de outros três colégios da região e alguns moradores. A mobilização, que desde então acontece todo mês de junho, em 2006 contou com a participação de cerca de 30 escolas, além dos moradores que comparecem em peso.

Forte ligação com a comunidade, além de reduzir a violência, ajudou a otimizar vários projetos
A forte ligação com a comunidade, além de reduzir a violência, ajudou a otimizar vários projetos. Heliópolis é carente de espaços de lazer. Em conjunto com os moradores e com a União de Núcleos Associações e Sociedades de Heliópolis e São João Clímaco (UNAS), o diretor da escola conseguiu construir o primeiro centro poliesportivo do local.

Outra experiência interessante ocorreu em Diadema. Em 1999, o município estava em primeiro lugar no ranking de homicídios do Estado de São Paulo, com uma média de 31 assassinatos por dia. Em 2004, essa média caiu para 11 por dia, ou seja, houve uma redução de 65%. Com essa expressiva queda, a cidade baixou para o 18º lugar na lista de homicídios. Caíram também os índices de furto e assalto. Como?

Uma articulação da prefeitura com o governo estadual, uma universidade, empresas e associações comunitárias, mudaram as estatísticas, combinados com policiamento ostensivo e programas para reduzir o risco de delinqüência juvenil.

A primeira medida adotada foi a partir de uma sugestão de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo. Por meio da análise de arquivos policiais, descobriu-se que 60% dos assassinatos ocorriam dentro de bares ou nas suas proximidades, e que a maioria das vítimas ou agressores tinha consumido álcool. A partir de tal constatação, a prefeitura determinou que os bares deveriam fechar depois das 23 horas, numa espécie de lei seca, espelhando-se em um exemplo similar realizado na Colômbia.

O protagonismo comunitário é uma das ferramentas para restabelecer efetivas políticas de segurança pública locais
Além disso, a prefeitura fez um mapa detalhado do horário e do local dos crimes para concentrar esforços nas áreas mais vulneráveis. Montaram-se operações conjuntas com policiais militares, civis e municipais com ênfase nas ruas mais violentas. A presença de guardas municipais, que ganhou reforços, andando a pé, de moto ou de bicicleta, tornou-se permanente nesses bairros. A população passou a ter acesso a linhas telefônicas para comunicar movimentos suspeitos.
Mas não apenas medidas de vigilância e repressão foram implantadas. Com base no mapeamento dos jovens que cometiam crimes, a prefeitura implementou ações de inclusão em lugares mais tumultuados. Incentivaram os jovens a voltar para a escola. A eles foi ofertada uma bolsa-auxílio, além de atividades culturais e esportivas depois das aulas e também estágios em empresas.

Nesse projeto, associações comunitárias e empresários reforçaram o uso dos equipamentos culturais e esportivos da cidade. Alguns desses espaços públicos são geridos pela própria comunidade.

Heliópolis e Diadema mostram que é possível promover bons exemplos em segurança pública. Observando as iniciativas das duas regiões, percebemos que não há um modelo exato e invariável para a prevenção da violência. Cada experiência é criada a partir da união de fatores que formam uma realidade particular e específica. De todo modo, essas experiências têm em comum a conjugação de ações preventivas e repressivas a partir do envolvimento dos agentes comunitários.

O protagonismo comunitário é, assim, uma das ferramentas para restabelecer efetivas políticas de segurança pública locais. Se de um lado esse protagonismo por si só não é suficiente para resolver o problema da violência, tampouco o Estado consegue promover mudanças efetivas, nesse e em outros setores, ignorando o influente papel da comunidade.


Fonte: Violência

O Trabalho em Comunidade e a Simplicidade


O trabalho em comunidade, seguindo regras simples e objetivos claros pode transformar uma sociedade. Dando-lhe tempo, rumo e incentivo, a comunidade é capaz de feitos impossíveis para uma iniciativa privada.
Muitos não entendem como o desenvolvimento do Linux e de outros sistemas baseados em software livre acontecem. A primeira impressão é que não existe organização e a bagunça é generalizada. A verdade é exatamente outra, e o Linux está cada vez mais ganhando espaço e se firmando como um sistema robusto, confiável e de alto valor agregado.
Esta organização é derivada da força de milhares de indivíduos fazendo um trabalho em conjunto. De uma maneira orgânica, como a própria evolução, a melhor forma de trabalhar vai despontando. Através de mudanças sucessivas, os processos são reavaliados e melhorados enquanto o trabalho está sendo feito.
Qual seria o grau de complexidade em organizar centenas de pessoas que nunca se viram antes para executar uma tarefa aleatória, com um tempo bem definido para começar e outro para acabar? Pois é isto que acontece em um teatro ou show quando o público aplaude. Centenas de pessoas trabalham em conjunto fazendo um agradecimento, sob a forma de aplausos, ao apresentador do espetáculo.
Em jogos de futebol é comum ver-se milhares de pessoas abanando uma espécie de pompom, feito de papel, quando da hora da comemoração de um gol. Você já chegou a pensar como pode se tornar complexo distribuir mais de 35.000 pompoms, um para cada torcedor que entrar no estádio? É lógico pensar que uma estrutura de pelo menos uma dezena de pessoas seria necessária para distribuir e gerenciar este tipo de tarefa. Através da simplicidade e do trabalho em comunidade uma maneira muito mais efetiva foi desenvolvida.
Dezenas de sacos plásticos contendo milhares de pompoms são levados para o interior do estádio antes do jogo começar. Na hora apropriada, seja em um gol ou em um momento importante da partida, os sacos começam a ser jogados para várias direções. Estes são rasgados pelos torcedores liberando os pompoms. Nesta hora alguns torcedores já estão agitando os adereços na mão e outros começam a pegar os que caíram no chão e novamente jogam-nos para os lados. Enquanto uns são agitados, outros são jogados de um lado para outro e vão se espalhando pelo estádio, até termos um pompom na mão de cada torcedor. O resultado é um fantástico show visual proporcionado pelas milhares de pessoas no estádio trabalhando em conjunto. Uma tarefa que poderia ser difícil de se gerenciar acabou tornando-se simples e eficiente, usando a própria comunidade como motor da ação.
Grande parte do sucesso do desenvolvimento do Linux é gerado pela disponibilização de seus códigos-fonte. Qualquer pessoa que tenha um computador e um editor de textos pode ter acesso ao sistema e fazer-lhe alterações. Esta simplicidade, adicionada a dezenas de engenheiros que recebem melhorias e correções das mais remotas partes do planeta, formam um estrutura forte e muito bem organizada, trazendo ao sistema inovações e melhorias, dia após dia.
A próxima vez que iniciar um projeto, pense em como fazê-lo da maneira mais simples possível e, de preferência, despertando o interesse da comunidade. Quem sabe o embrião de um novo Linux esteja nascendo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Comunidade da Zona Sul - A Casa (Exclusiva)

Conceito de comunidade

Na literatura do desenvolvimento comunitário o conceito de comunidade é ambíguo, muito pela quantidade de definições utilizadas para a definir. É frequente ouvirmos ou lermos o termo aplicado para designar pequenos agregados rurais (aldeias, freguesias) ou urbanos (quarteirões, bairros), mas também a grupos profissionais (comunidade médica, comunidade cientifica), a organizações (comunidade escolar), ou a sistemas mais complexos como países (comunidade nacional), ou mesmo o mundo visto como um todo (comunidade internacional ou mundial).

Nas ciências sociais estão identificados alguns tipos de comunidades. Gusfield (1975), fez uma distinção entre duas formas de usar o termo comunidade. A primeira, prende-se com a noção territorial ou geográfica. Neste sentido, comunidade pode ser entendida como uma cidade, uma região, um pais, um bairro, o prédio, ou a vizinhança. O Sentimento de Comunidade implica um sentimento de pertença com uma área particular, ou com uma estrutura social dentro dessa área. A segunda, tem um carácter relacional, que diz respeito à rede social e à qualidade das relações humanas dentro da localização de referência (Gusfield, 1975; Heller, 1989; Hunter & Ringer, 1986; McMillan e Chavis, 1986; Dalton, Elias & Wandersman, 2001).

Reconhecendo esta pluralidade, Hillary (1950), examinou noventa e quatro definições de comunidade e na sua maioria continham três pontos coincidentes:

I. Partilha de um espaço físico;
II. Relações e laços comuns;
III. Interacção social.

Nos últimos anos, o interesse pelas comunidades tem aumentado, pois estas podem apresentar factores protectores ou factores de risco para os indivíduos.

Rappaport (1977), entende comunidade como um grupo social que partilha características e interesses comuns e é percepcionado ou se percepciona como distinto em alguns aspectos da sociedade em geral em que está inserida. Para Duham (1986), a comunidade não se entende unicamente como lugar, mas como um processo interactivo.

Segundo o dicionário inglês Random House (In Vidal, A., 1988), “community” é definida da seguinte forma: “Grupo social de qualquer tamanho cujos membros residem numa localidade específica, partilham o mesmo governo e tem uma herança e história comuns.”

Segundo Marshall Gordon (1994), o fenómeno comunitário integra um conjunto de ideias associadas ao conceito de comunidade:

• Alto grau de intimidade pessoal;
• Relações sociais afectivamente alicerçadas;
• Compromisso moral;
• Coesão Social;
• Continuidade no tempo.

Diez et al. (1996), referem nos seus estudos que para que exista uma comunidade é necessário que os seus membros possuam um sentimento de consciência partilhada de uma forma de vida, com referências comuns, um grupo de pessoas com os quais interage e que através destas relações, proporciona uma sensação de estimulação e de acolhimento. O sentimento de pertença ao tecido social, com fortes laços, supõe por um lado a obtenção de apoio social e por outro a disposição de recursos com os quais pode minimizar os efeitos de situações de stress ao longo das suas vidas.

Segundo Ornelas uma comunidade competente pode ser definida como “uma comunidade que utiliza, desenvolve e obtém recursos” (Ornelas 2002, p. 10). A abordagem ideal a uma comunidade será o de realçar e incentivar as capacidades e qualidades dos indivíduos em vez de sobre-enfatizar os défices dos indivíduos ou da própria comunidade. Caso esta atitude não seja tomada, os sistemas sociais que se criam retiram a possibilidade dos sistemas naturais, como a vizinhança, as associações locais e os recursos já existentes na comunidade desempenharem um papel relevante na resolução dos problemas existentes. “Deveríamos fazer um esforço para compreender os mecanismos naturais utilizados pelas comunidades para promover a sua própria sustentabilidade, bem como a manutenção dos indivíduos que lhes pertencem” (Ornelas, 2002, p. 11). Este esforço implica a ideia de que os indivíduos são os peritos e não os sistemas, pelo que deveríamos encontrar aqueles que, na comunidade, resolvem os problemas e participam em actividades de melhoramento da comunidade.

Sarason (1972), sustenta que os membros são melhor servidos quando a comunidade providencia o desenvolvimento pessoal a todos os membros.

A Comunidade é considerada neste trabalho como o lugar de construção do saber psicológico comunitário e da operacionalização de técnicas psicológicas que sejam eficazes na construção desse saber. 
 

o que é comunidade

O QUE É COMUNIDADE?

Uma Perspectiva Sociológica

por Phil Bartle, PhD

traduzido por Sofia Ferreira Fernandes



Introdução:
Um mobilizador, animador ou activista é alguém que tenta mover (activar, animar) uma comunidade. O material de formação neste web site é dirigido aos mobilizadores e aos seus gestores, fornecendo explicações acerca dos métodos para incentivar o movimento na comunidade.
Mas o que é uma comunidade?

A Natureza das Comunidades:
Tal como a maioria dos aspectos abordados nas ciências sociais , a comunidade não pode ser rotulada. Usamos frequentemente a palavra comunidade, mas nesta formação é importante perguntarmo-nos seriamente pela sua definição.
Primeiro, é essencial referir que uma "comunidade" é uma construção mental, um modelo. Não podemos observar uma comunidade inteira, não a podemos tocar, e não podemos experimentá-la directamente. Ver elefante. Tal como as palavras "monte" ou "floco de neve", uma comunidade pode adquirir várias formas, tamanhos, cores e localizações distintas, não existem duas iguais.
E por último, e mais importante, uma comunidade não se resume às pessoas que a constituem. Uma comunidade, de um modo geral, já existia antes dos seus actuais membros terem sequer nascido, e provavelmente continuará a existir mesmo depois dos seus actuais membros terem desaparecido. É algo que transcende cada um dos seus componentes, os residentes actuais ou os próprios membros da comunidade. Uma comunidade pode incluir membros que se mudaram temporariamente para outros locais. Eles podem planear um eventual regresso, mas nem todos o fazem.
Em determinados casos, uma "comunidade" pode nem sequer possuir um lugar físico, mas ser simplesmente demarcada por um grupo de pessoas que partilham um interesse comum. No entanto, neste material de formação, uma "comunidade" à qual um mobilizador dedica a sua atenção, geralmente pertence à categoria de comunidades com um lugar físico definido.

Uma Comunidade é uma Construção Sociológica:
O conceito de comunidade não é apenas uma "construção" (modelo), é uma "Construção Sociológica." É um conjunto de interacções, comportamentos humanos com significado e expectativas entre os seus membros. Não se trata apenas de uma acção isolada, mas de um conjunto de acções que têm como base a partilha de expectativas, valores, crenças e significados entre os indivíduos.
Para compreender o modo como uma comunidade actua e muda, torna-se necessário aprender um pouco sobre a ciência sociologia. Um mobilizador é um cientista aplicado; um cientista social. Enquanto que um cientista puro está interessado no modo de funcionamento de algo em concreto, o cientista aplicado está interessado em possuir esse conhecimento e aplicá-lo para obter resultados úteis.

Uma Comunidade possui Fronteiras pouco Concretas:
Quando a comunidade identificada é uma pequena aldeia, separada de outras aldeias por uma distância de poucos quilómetros, numa área rural, as suas fronteiras parecem ser muito simples, quando se faz uma análise inicial. Pode considerar-se o padrão de interacções humanas como consistindo apenas de relações entre os habitantes dessa localidade, nessa aldeia.
Mas os seus habitantes também interagem com pessoas fora da aldeia. Casam-se com pessoas de localidades vizinhas ou distantes, e podem mudar-se de local ou, por outro lado, o cônjuge pode começar a residir nessa aldeia. A determinada altura, os habitantes da aldeia terão irmãs, irmãos, primos, pais ou familiares por afinidade que vivem noutros locais. A fronteira dessa comunidade não é bem delimitada.

As Comunidades podem estar Inseridas noutras Comunidades
Podem existir comunidades dentro de comunidades mais vastas, incluindo distritos, regiões, grupos étnicos, nações e outras fronteiras. Pode haver matrimónios ou qualquer outro tipo de interacção que estabelece uma ligação entre os dois lados das fronteiras nacionais.

As Comunidades podem Mover-se:
Adicionalmente, quando a tecnologia não se baseia na horticultura local, os habitantes da comunidade podem ser fisicamente móveis.
Podem ser pastores nómadas que percorrem longas distâncias com o seu gado. Podem ser grupos móveis de pescadores que se deslocam frequentemente de acordo com a disponibilidade do peixe. Podem ser caçadores que se movem para seguir os animais de caça.

As Comunidade Urbanas são Especiais:
Nas áreas urbanas, uma comunidade pode ser um pequeno grupo de propriedades pertencentes a pessoas com uma origem comum. Essa comunidade, por seu lado, pode fazer parte de uma comunidade da vizinhança ou de um bairro ou de qualquer outro tipo de divisão urbana local.
À medida que as fronteiras se alargam, existe mais heterogenidade (diferenças de origem, língua, religião ou outras características que possam definir uma identidade comum). Por outro lado, também podem fazer parte de um município mais abrangente, que por sua vez faz parte da conglomeração que inclui toda a cidade.
Em geral (salvo algumas excepções), uma comunidade urbana tem mais fronteiras pouco definidas, é mais díficil de demarcar, mais heterogénea (variada, mista), mais complexa e mais díficil de organizar usando os métodos tradicionais de desenvolvimento de comunidades, e possui objectivos mais complexos e sofisticados do que as comunidades rurais.

Uma Perspectiva Social das Povoações:
Uma povoação, ou comunidade, não é apenas uma mera aglomeração de casas. É uma organização humana (social e cultural). (As casas, que são produtos culturais da humanidades, pertencem a uma das seis dimensões da sociedade ou cultura: a dimensão tecnológica , como será explicado posteriormente).
Por outro lado, não se trata apenas de um conjunto de indivíduos; é um sistema sócio-cultural; é organizada socialmente. Ou seja, enquanto mobilizador é necessário conhecer alguns aspectos da sociedade - aspectos esses que são estudados pela sociologia.
A comunidade possui uma vida própria que transcende a soma de todas as vidas de todos os seus membros. Enquanto uma organização social, a comunidade é uma entidade cultural. Ver Cultura. Isto significa que é um sistema de sistemas, e que é composto de aspectos que são aprendidos e não transmitidos pelos genes e cromossomas. Todos os elementos sociais e culturais de uma comunidade, desde a sua tecnologia até às crenças comuns, são transmitidos e armazenados através de símbolos.
A Animação Social (promover a participação da comunidade e auto-ajuda) mobiliza e organiza uma comunidade. Tal significa que a organização social da comunidade é alterada, de modo mais ou menos intenso. Por conseguinte, o mobilizador ou animador é um agente de mudança social ou catalisador. Compreender a natureza da mudança social, a sua natureza social, numa comunidade, é uma ferramenta indispensável para o mobilizador.

Um Animador Deve Possuir Conhecimentos Acerca da Sociedade:
Pode ser perigoso levar a cabo acções de mudança sobre algo acerca do qual não se possui qualquer tipo de conhecimento. Por conseguinte é da responsabilidade do mobilizador aprender algo acerca das ciências antropologia e sociologia(1).
Um mobilizador é um sociólogo aplicado, por isso deve possuir conhecimentos acerca dos aspectos mais importantes sobre os quais pretende actuar. (Apesar da mobilização ser uma ciência social aplicada, não é equivalente à Engenharia Social. Ver Engenharia Social).
Apesar da sociologia ser de um modo geral ensinada a nível universitário, e de que hoje em dia um cientista social necessita possuir um Doutoramento, não é necessário que um mobilizador receba toda esta educação formal. Começando nesta formação, e talvez fazendo um pouco de pesquisa a título individual em literatura adequada, um mobilizador pode aprender tudo o que necessita saber sobre a sociologia para compreender a natureza social das comunidades.
O aspecto mais importante a aprender já foi mencionado: um organismo social tal como uma comunidade possui uma vida própria que transcende as vidas dos indivíduos que a compõem. Estes indivíduos sofrem as suas próprias mudanças no seu processo de desenvolvimento enquanto seres humanos. Eles nascem, crescem, tornam-se adultos, casam-se, empregam-se, alguns tornam-se lideres reconhecidos, têm filhos e morrem. Todas estas mudanças pessoais nos indivíduos, por si mesmas, não levam à mudança na sociedade ou comunidade. Na realidade, como são reconhecidas, elas contribuem para a estabilidade da sociedade, e para a continuação da comunidade.
O segundo aspecto a aprender também foi resumidamente mencionado. Todos os aspectos sociais e culturais são transmitidos através de símbolos e não de genes. O desenvolvimento da comunidade, que é uma forma de mudança social, não requer cirurgia estética mas sim mudanças nas mensagens que os símbolos transmitem.
Fonte:CEC

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Comunidade

Comunidade pode ter diferentes acepções:
  • Do ponto de vista da ecologia, comunidade - também chamada biocenose - é a totalidade dos organismos vivos que fazem parte do mesmo ecossistema e interagem entre si, corresponde, não apenas à reunião de indivíduos (população) e/ou sua organização social (sociedade) e sim ao nível mais elevado de complexidade de um ecossistema.
  •   Uma comunidade pode ter seus limites definidos de acordo com características que signifiquem algo para nós, investigadores humanos. Mas ela também pode ser definida a partir da perspectiva de um determinado organismo da comunidade. Por exemplo, as comunidades possuem estrutura trófica, fluxo de energia, diversidade de espécies, processos de sucessão, entre outros componentes e propriedades.
  • Do ponto de vista da sociologia, uma comunidade é um conjunto de pessoas que se organizam sob o mesmo conjunto de normas, geralmente vivem no mesmo local, sob o mesmo governo ou compartilham do mesmo legado cultural e histórico. Os estudantes que vivem no mesmo dormitório podem formar uma comunidade, assim como as pessoas que vivem no mesmo bairro, aldeia ou cidade. Fichter, 1967 em suas Definições para uso didático ressalta que uma palavra que é rodeada de significados múltiplos, requer uma cuidadosa definição técnica, ao que propõe: comunidade é um grupo territorial de indivíduos com relações recíprocas, que servem de meios comuns para lograr fins comuns.
  • Politicamente, a comunidade é um grupo de países que se associam para atingir determinados objectivos comuns. A União Europeia começou por chamar-se Comunidade Econômica Europeia. Os países da África austral organizaram-se numa Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral ou SADC (do inglês Southern Africa Development Community).
  • Comunidades virtuais, constituídas por pessoas com interesses e objetivos semelhantes e ligações em comum, mas que se relacionam virtualmente, viabilizado pelas tecnologias da informação, como a Internet por exemplo, através de diversas formas:
  • Sites de relacionamento
  • Blogs
  • Fóruns, grupos de discussão
  • Sites de entidades não-virtuais (sites de empresas, grupos de sociais)
  • Conversas on-line, seja através de salas de bate-papo ou sistemas de mensagens instantâneas
  • Jogos on-line
  • Sites que permitem interação do usuário, como comentários
  • Sites de compartilhamento de conteúdo, como vídeos, fotos, ou música
  • Sites de colaboração
  • Sites mistos
A Wikipedia é um exemplo de comunidade virtual, que se forma em torno de um site de colaboração e possui funcionalidades como fóruns e compartilhamento de conteúdo.

Fonte: wikipedia