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terça-feira, 10 de maio de 2011

Conceito de comunidade

Na literatura do desenvolvimento comunitário o conceito de comunidade é ambíguo, muito pela quantidade de definições utilizadas para a definir. É frequente ouvirmos ou lermos o termo aplicado para designar pequenos agregados rurais (aldeias, freguesias) ou urbanos (quarteirões, bairros), mas também a grupos profissionais (comunidade médica, comunidade cientifica), a organizações (comunidade escolar), ou a sistemas mais complexos como países (comunidade nacional), ou mesmo o mundo visto como um todo (comunidade internacional ou mundial).

Nas ciências sociais estão identificados alguns tipos de comunidades. Gusfield (1975), fez uma distinção entre duas formas de usar o termo comunidade. A primeira, prende-se com a noção territorial ou geográfica. Neste sentido, comunidade pode ser entendida como uma cidade, uma região, um pais, um bairro, o prédio, ou a vizinhança. O Sentimento de Comunidade implica um sentimento de pertença com uma área particular, ou com uma estrutura social dentro dessa área. A segunda, tem um carácter relacional, que diz respeito à rede social e à qualidade das relações humanas dentro da localização de referência (Gusfield, 1975; Heller, 1989; Hunter & Ringer, 1986; McMillan e Chavis, 1986; Dalton, Elias & Wandersman, 2001).

Reconhecendo esta pluralidade, Hillary (1950), examinou noventa e quatro definições de comunidade e na sua maioria continham três pontos coincidentes:

I. Partilha de um espaço físico;
II. Relações e laços comuns;
III. Interacção social.

Nos últimos anos, o interesse pelas comunidades tem aumentado, pois estas podem apresentar factores protectores ou factores de risco para os indivíduos.

Rappaport (1977), entende comunidade como um grupo social que partilha características e interesses comuns e é percepcionado ou se percepciona como distinto em alguns aspectos da sociedade em geral em que está inserida. Para Duham (1986), a comunidade não se entende unicamente como lugar, mas como um processo interactivo.

Segundo o dicionário inglês Random House (In Vidal, A., 1988), “community” é definida da seguinte forma: “Grupo social de qualquer tamanho cujos membros residem numa localidade específica, partilham o mesmo governo e tem uma herança e história comuns.”

Segundo Marshall Gordon (1994), o fenómeno comunitário integra um conjunto de ideias associadas ao conceito de comunidade:

• Alto grau de intimidade pessoal;
• Relações sociais afectivamente alicerçadas;
• Compromisso moral;
• Coesão Social;
• Continuidade no tempo.

Diez et al. (1996), referem nos seus estudos que para que exista uma comunidade é necessário que os seus membros possuam um sentimento de consciência partilhada de uma forma de vida, com referências comuns, um grupo de pessoas com os quais interage e que através destas relações, proporciona uma sensação de estimulação e de acolhimento. O sentimento de pertença ao tecido social, com fortes laços, supõe por um lado a obtenção de apoio social e por outro a disposição de recursos com os quais pode minimizar os efeitos de situações de stress ao longo das suas vidas.

Segundo Ornelas uma comunidade competente pode ser definida como “uma comunidade que utiliza, desenvolve e obtém recursos” (Ornelas 2002, p. 10). A abordagem ideal a uma comunidade será o de realçar e incentivar as capacidades e qualidades dos indivíduos em vez de sobre-enfatizar os défices dos indivíduos ou da própria comunidade. Caso esta atitude não seja tomada, os sistemas sociais que se criam retiram a possibilidade dos sistemas naturais, como a vizinhança, as associações locais e os recursos já existentes na comunidade desempenharem um papel relevante na resolução dos problemas existentes. “Deveríamos fazer um esforço para compreender os mecanismos naturais utilizados pelas comunidades para promover a sua própria sustentabilidade, bem como a manutenção dos indivíduos que lhes pertencem” (Ornelas, 2002, p. 11). Este esforço implica a ideia de que os indivíduos são os peritos e não os sistemas, pelo que deveríamos encontrar aqueles que, na comunidade, resolvem os problemas e participam em actividades de melhoramento da comunidade.

Sarason (1972), sustenta que os membros são melhor servidos quando a comunidade providencia o desenvolvimento pessoal a todos os membros.

A Comunidade é considerada neste trabalho como o lugar de construção do saber psicológico comunitário e da operacionalização de técnicas psicológicas que sejam eficazes na construção desse saber. 
 

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